Fachada do prédio que atualmente abriga o Arquivo Nacional de Angola. Luanda. Angola. Fonte: Acervo Pessoal
Entre os dias 20 a 31 de janeiro estive no Arquivo Nacional de Angola, na capital do país, Luanda, para um trabalho de campo. Durante estes dias estive imersa em documentos avulsos e cuja catalogação não é muito clara, no intuito de encontrar algumas informações sobre os marfins, para preencher as lacunas que ainda se encontram na minha investigação de doutorado. O objetivo deste post é informar aos pesquisadores sobre as condições de acesso e permanência no referido Arquivo. Para acessar os documentos e realizar sua pesquisa de forma mais planejada e segura, o ideal é entrar em contato, antes de sua viagem e com alguma antecedência, com a equipe técnica do Acervo — o que pode ser feito por email (arquivoangola@gmail.com). Redigi uma carta de apresentação/intenções de pesquisa e enviei por email, nela eu expliquei quais seriam os objetivos da minha pesquisa e minha vinculação institucional. Recebi a autorização de pesquisa também pelo email, antes de minha viagem.
O Arquivo Histórico Nacional de Angola fica situado na Rua Pedro Felix Machado, 49 R/C, em Luanda. O atendimento aos consulentes é feito de segunda a sexta das 8.30 às 15 h. À primeira vez que se vai ao Arquivo é provável ter alguma dificuldade para se localizar o Edifício no qual ele está situado, isso porque em Luanda, poucas ruas são conhecidas pelo seu nome, mas sim por referências locais. Pelo Google Maps é possível chegar bem próximo do local, mas não com exatidão. Consegui chegar à rua, mas rodei um pouco até encontrar o prédio. Não há identificação na fachada, por isso esteja atento. O prédio está bem no começo da rua, do lado direito com uma fachada mais antiga. O acervo é composto em sua maior parte de documentação referente aos séculos XIX e XX, mas há alguns documentos referentes ao século XVIII. Internamente, o acervo está separado por categorias arquivísticas mais gerais: avulsos, códices, iconografia.... Na sede do Arquivo é possível consultar a catalogação de cada uma destas séries. A catalogação está disponível no formato manual e impresso — o que pode exigir do pesquisador algum tempo em sua seleção e mesmo ambientação com a catalogação. Após o levantamento inicial que cada pesquisador realiza de acordo com seu interesse de pesquisa, é possível solicitar ao técnico responsável pelo setor, a vista do documento. Não é permitido aos consulentes fotografar a documentação, de acordo com as diretrizes de funcionamento do local. Contudo, é possível solicitar uma reprodução dos documentos (scaneados ou fotografados) através de um serviço pago, executado pelos próprios técnicos do Acervo. O preço varia de acordo com o tipo de documentação a ser reproduzida. Uma dica de pesquisa, que sempre utilizo, é realizar o levantamento de acordo com seu interesse, já criando uma tabela/arquivo em seu computador pessoal, para poupar tempo e organizar sua pesquisa. O estado da documentação relativa ao século XVIII é bem crítico, há muitos documentos deteriorados, com páginas inteiras manchadas, mofadas ou deterioradas pela ação da tinta ferrogálica.
Os técnicos são bem atenciosos e dispostos, mas ainda há uma falta de funcionários no Arquivo, o que prejudica de diferentes formas, a conservação do acervo e também o acesso, em alguns casos. O prédio em que se encontra o Acervo (fui informada que é um espaço temporário) é uma construção adaptada, com eventuais problemas, como no caso de vários acervos brasileiros, em que falta, por exemplo, um sistema de ar condicionado em toda a extensão do Acervo.
De um modo geral, a minha visita ao Acervo foi bastante produtiva e ajudou-me com meus objetivos de pesquisa. É importante para nós, pesquisadores de uma História Atlântica, visitar os lugares e acervos que dizem respeito ao espaço sobre o qual falamos, essa também é uma forma de se construir um campo com base em novas epistemologias.
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