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Foto do escritorRogéria Cristina Alves

Outras narrativas sobre a Escravidão no Brasil Colonial: A luta cotidiana das alforriadas


Este trabalho lindíssimo em aquarela, foi a concretização de um antigo sonho baseado nas minhas pesquisas históricas: conhecer as faces dos alforriados que eu pesquisei. E que com seus fragmentos de histórias, postos em testamentos e inventários post-mortem, me ajudaram a construir a dissertação e passaram a integrar a minha história. A dissertação de mestrado que defendi em 2011, na Universidade Federal de Minas Gerais, sobre a vida dos alforriados em Minas Gerais Setecentista, pode ser consultada neste link: Mosaico de Forros: formas de ascensão econômica e social entre os alforriados(Mariana, 1727-1838).

Essa é Rosa da Silva Torres, a alforriada mais rica com a qual me deparei nos arquivos de Mariana setecentista, dona de vários negócios, roupas, joias e corais, sua história nos instiga a pensar nas estratégias de sobrevivência e resistência articuladas por africanos que cruzaram o Atlântico e tornaram-se libertos, após um período de escravidão no Novo Mundo. A riqueza de seus bens não pode nos iludir ou deixar de demonstrar sua luta cotidiana, seu agenciamento e os percalços que invariavelmente enfrentou no contexto colonial escravista.

 

Angola, Congo, Benguela, Monjolo, Cabinda, Mina, Quiloa, Rebolo

Aqui onde estão os homens, Dum lado cana de açúcar

Do outro lado o cafezal, Ao centro senhores sentados

Vendo a colheita do algodão tão branco, Sendo colhidos por mãos negras...

Zumbi - Jorge Ben Jor

 

Baseada nas fontes históricas que acessei e numa pesquisa visual iconográfica, o meu estudante e agora pedagogo Geyson "Flinn" topou me ajudar a dar face a estes sujeitos. Geyson é ilustrador profissional, artista e também compartilhou comigo da perspectiva de que a arte pode nos ajudar a humanizar as histórias destes sujeitos, tornando possível uma construção de uma História que respeita a diversidade, dá voz a vários sujeitos e que não se reduz a especulações econômicas ou dados quantitativos. Que nosso trabalho possa fazer justiça a essas memórias. #lembrarparanãoesquecer


(Referência documental utilizada: Arquivo Histórico da Casa Setecentista de Mariana. 2º Ofício. Inventário post-mortem de Rosa da Silva Torres. Data: 1742. Códice 63, auto 1423).


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